CANGACEIRO
Óleo sobre tela
0,50 X 0,70 cm
Alex Rocha
2020
A Mágoa de um Caboclo
Seu moço me diga algo
Que eu vou lhe perguntar
Como pode hoje em dia
Do jeito que a coisa tá
O pobre viver tranquilo
Magro fino igual um grilo
Sem dinheiro pra comprar?
Seu moço sou gente humilde
Tenho vergonha na cara
Trabalho suando a camisa
Isso ai nem se compara
Esse é o meu lamento
Carregado pelo vento
Tenho o físico de uma vara.
Pra sustentar a família
Eu aqui corto dobrado
Tiro leite e Planto a roça
E ainda trabalho o gado
E na boquinha da noite
Eu trabalho com machado.
Antigamente seu moço
Eu não comprava de nada
Minha roça era sortida
Eu pegava de carrada
Colhia tanto alimento
Que até o meu jumento
Vinha comendo na estrada.
Hoje eu olho as barracas
Nas feiras da região
Tudo custa uma fortuna
Para o pobre cidadão
Pois assim ninguém aguenta
Até um mói de pimenta
Eu vi vendendo no chão.
Ai que lembrança da terra
E da casa de farinha
De quando faltava a carne
Eu matava uma galinha
Seu moço a minha tristeza
Eu lhe digo com franqueza
É saudade do que eu tinha
Fica aqui a minha mágoa
De um pobre trabalhador
Que nasceu no pé da mata
Mais dá lição em doutor
Que sempre viu a beleza
E tirou da natureza
Só o que ela deixou.
Autor: Cleber Sardinha
Nenhum comentário:
Postar um comentário