domingo, 13 de setembro de 2020

CANGACEIRO

 



CANGACEIRO

Óleo sobre tela

0,50 X 0,70 cm

Alex Rocha

2020












A Mágoa de um Caboclo

 

Seu moço me diga algo

Que eu vou lhe perguntar

Como pode hoje em dia

Do jeito que a coisa tá

O pobre viver tranquilo

Magro fino igual um grilo

Sem dinheiro pra comprar?



Seu moço sou gente humilde

Tenho vergonha na cara

Trabalho suando a camisa

Isso ai nem se compara

Esse é o meu lamento

Carregado pelo vento

Tenho o físico de uma vara.


Pra sustentar a família

Eu aqui corto dobrado

Tiro leite e Planto a roça

E ainda trabalho o gado

E na boquinha da noite

Eu trabalho com machado.


Antigamente seu moço

Eu não comprava de nada

Minha roça era sortida

Eu pegava de carrada

Colhia tanto alimento

Que até o meu jumento

Vinha comendo na estrada.


Hoje eu olho as barracas

Nas feiras da região

Tudo custa uma fortuna

Para o pobre cidadão

Pois assim ninguém aguenta

Até um mói de pimenta

Eu vi vendendo no chão.


Ai que lembrança da terra

E da casa de farinha

De quando faltava a carne

Eu matava uma galinha

Seu moço a minha tristeza

Eu lhe digo com franqueza

É saudade do que eu tinha

Fica aqui a minha mágoa

De um pobre trabalhador

Que nasceu no pé da mata

Mais dá lição em doutor

Que sempre viu a beleza

E tirou da natureza

Só o que ela deixou.

Autor: Cleber Sardinha



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