sábado, 15 de agosto de 2020

O CAÇADOR E UMA FLECHA SÓ



O CAÇADOR DE UMA FLECHA SÓ

0,50 x 0,70
Óleo sobre tela
Alex Rocha
2020

Esse trabalho só foi possível graças ao processo que venho sofrendo, já alguns anos, de descolonização. Exercício difícil, muitas vezes doloroso, mas, necessário para quem deseja ler mais que as palavras – o mundo, e que, portanto, pode ser tocado pela possibilidade de torna-se negro ainda que sua pele seja preta. A série “Coisas do Sagrado”, sequência de trabalhos com temas religiosos que estão diluídos no meio cultural, tem possibilitado ainda mais essa reflexão.

     
A riqueza do legado afro-brasileira é imensurável, mesmo com todas as ultrajantes tentativas de apagamento ao longo dos séculos.  A arte, religião, a cultura produzida pelas mãos e pelo intelecto dos pretos e pretas em diversos lugares, mas sobretudo, aqui. do lado de cá do Atlântico, tem sofrido preconceito no sentido mais sórdido da palavra.  Contudo, parece que a natureza ontológica desses povos sempre foi de resistência. 
 
“O Caçador de uma Flecha Só” é um olhar, tímido, mas desejoso de aprender, para esse lugar- a cultura afro-brasileira.

                                                                                                                          Alex Rocha

2 comentários:

  1. Caro Alex Rocha, seu trabalho me pareceu, à primeira vista, algo meio agressivo devido à forte carga de realidade nela impressa. Todavia, ao olhar com mais calma e por um tempo maior, consegui encontrar nele uma carga humana e até lúdica que você coloca e que só se percebe depois que a gente vai se familiarizado com a obra. É algo ao mesmo tempo denso mas que traz uma delicadeza envolvente. O tipo de trabalho cuja mensagem depende do interior de cada um de nós. É uma mensagem enigmática, um recado, quase um grito sufocado na garganta que toca a alma...Parabens!

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  2. Hélio, primeiro lugar muito obrigado pela vista e pela observação, fico muito feliz. Tento ser o mais verdadeiro possível com o meu trabalho. Ele sou eu. ou seja, tem parte do meu pensamento, memoria da infância, lendas e casos da cultura popular e também sua iconografia. Tudo isso, misturado pela pela paixão pelos brinquedos, principalmente os que carregam as marcas do artesão popular. Mais uma vez, muitíssimo obrigado.

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