segunda-feira, 30 de maio de 2011

OS OLHOS


Meu trabalho é expressão da maneira como enxergo, alguns trabalhos um pouco mais antigos são visíveis as formas tortas com cores fortes, tudo isso em função de uma limitação. Após um período longo de adaptação, tenho tentado transformar essa deficiência em uma marca, um estilo. Tenho um pacto com as cores, uma relação que me ajuda mesmo com dificuldade a dá formas e representar tudo como vejo da minha janela, os olhos.





Os olhos podem revelar aquilo que está na alma. Saber falar com o olhar; atender a um olhar é tão difícil que talvez uma vida não bastasse, dada a sua complexidade. É um meio difícil, porém, eficaz de entender o coração.




Os olhos, ao contrario da boca, é incapaz de mentir, ou de omitir os sentimentos, jamais se perdem em vãs explicações, são sempre objetivos e fazem tudo para dizer o que alma está sentindo, contudo, quase sempre não conseguimos compreende-los.


Fácil é olhar para os outros e dizer o que pensamos. Difícil é olhar para dentro de nós mesmos e admitirmos o que sentimos. Pobre de nós homens, que desconhecemos os nossos próprios sentimentos, não nos conhecemos.

sábado, 28 de maio de 2011

A IGREJA DO DIABO

Desenho/estudo para pintura

Um ser com traços notoriamente masculinos, porém, com seios pontiagudos deixa uma dúvida em relação ao sexo da figura. O mesmo também tem a cabeça inclinada no formato de um recipiente, a figura parece está pensando, buscando algo, uma resposta, uma idéia, uma inspiração.
O artista às vezes busca inspiração, uma idéia, embora, na maioria das vezes ela quem busca o artista, pois, toda criação por mais técnica que seja, nasce no campo da intuição.

Diz machado de Assis que em certo dia teve o diabo uma inspiração (sem fazer analogia entre o artista e o diabo), a idéia de fundar uma igreja. Embora os seus lucros fossem contínuos e grandes, sentia-se humilhado com o papel avulso que exercia desde séculos, sem organização, sem regras, sem cânones, sem ritual, sem nada. Vivia, por assim dizer, dos remanescentes divinos, dos descuidos e obséquios humanos. Nada fixo, nada regular. Por que não teria ele a sua igreja? Uma igreja do Diabo era o meio eficaz de combater as outras religiões, e destruí-las de uma vez.
Após ter tido a idéia, o Diabo, vai até o céu, só que não consegue incomodar e ferir o amor próprio do mestre, então retorna a terra para implementar a própria filosofia. Na terra, ele começa a implementar o seu plano e pregar a doutrina nova e extraordinária que tem como promessa o paraíso na terra, através de todos os deleites possíveis que vão contra todas as virtudes possíveis das Escrituras sagradas. Ele diz a todos que é o Diabo como meio de fazer os fiéis descrerem das informações ao seu próprio respeito, sempre enfatizando que era o próprio e desvirtuar os homens na terra. Sua “religiçao” corre aos quatro cantos do mundo e sua previsão de que as virtudes caíram por terra se confirmou, alegrando mais e mais ao Diabo, mas acontece que como toda traição é perene nas criaturas vis, os seus adeptos aderiam a doutrina, e o traíam da mesma forma que o faziam com suas vítimas, de forma indireta, muitas vezes fazendo o bem escondido dele e outras nitidamente, como é o caso dos glutões, que tanto comiam quanto forneciam comida aos empregados; os ladrões e falsários tanto roubavam quanto davam gorjetas aos empregados. Dessa forma o tiro saía pela culatra, pois para cada maldade realizada pelos seus adeptos, havia uma bondade praticada, ainda que de forma indireta. Tais atitudes assombram até o Diabo que foi ter uma outra conversa com Deus, e o Senhor lhe explicou que as contradições humanas podiam assustar até mesmo ao pobre Diabo que não conseguiu triunfar sobre Deus como desejava.
(A igreja do diabo – Machado de Assis)

sexta-feira, 27 de maio de 2011

SENTIMENTAL

Óleo s/tela
Alex Rocha

A figura melancólica é a protagonista do quadro. Cores quentes e escuras conotam o estado sentimental que a obra pretende transmitir.
Chico Buarque/Tom Jobim na música “Eu te amo”, serve de exemplo para a mensagem do quadro.

Ah, se já perdemos a noção da hora
Se juntos já jogamos tudo fora
Me conta agora como hei de partir

Ah, se ao te conhecer
Dei pra sonhar, fiz tantos desvarios
Rompi com o mundo, queimei meus navios
Me diz pra onde é que inda posso ir

Se nós nas travessuras das noites eternas
Já confundimos tanto as nossas pernas
Diz com que pernas eu devo seguir

Se entornaste a nossa sorte pelo chão
Se na bagunça do teu coração
Meu sangue errou de veia e se perdeu

Como, se na desordem do armário embutido
Meu paletó enlaça o teu vestido
E o meu sapato inda pisa no teu

Como, se nos amamos feito dois pagãos
Teus seios ainda estão nas minhas mãos
Me explica com que cara eu vou sair

Não, acho que estás te fazendo de tonta
Te dei meus olhos pra tomares conta
Agora conta como hei de partir.

AS CORES DE DUDA


Quando minha filha era ainda muito pequena o chão da casa estava sempre cheio de papel e lápis por todo chão, ela adorava brincar de desenhar e colorir. Nessa faze pintei muitos quadros com esse tema, esse foi um deles, o qual batizei com o nome de, As Cores de Duda.

SOCORRO


Socorro é uma síntese de uma geração insensível, desprovida de sentimentos. A figura se contorce no sofá como alguém que sente dor, uma dor que não sente; um grito que não sai. Um pedido de socorro por ausência de sentimentos.
ACRÍLICO S/ TELA
Alex Rocha

A LETRA DA MÚSICA DE ARNALDO ANTUNES COM O MESMO TÍTULO DO QUADRO ILUSTRA BEM A MENSAGEM DO MESMO:

Socorro!
Não estou sentindo nada
Nem medo, nem calor, nem fogo
Não vai dar mais pra chorar
Nem pra rir...

Socorro!
Alguma alma mesmo que penada
Me empreste suas penas
Já não sinto amor, nem dor
Já não sinto nada...

Socorro!
Alguém me dê um coração
Que esse já não bate nem apanha
Por favor!
Uma emoção pequena, qualquer coisa!
Qualquer coisa que se sinta...
Tem tantos sentimentos
Deve ter algum que sirva
Qualquer coisa que se sinta
Tem tantos sentimentos
Deve ter algum que sirva...

Socorro!
Alguma rua que me dê sentido
Em qualquer cruzamento
Acostamento, encruzilhada
Socorro! Eu já não sinto nada...

Socorro!
Não estou sentindo nada [nada]
Nem medo, nem calor, nem fogo
Nem vontade de chorar
Nem de rir...

Socorro!
Alguma alma mesmo que penada
Me empreste suas penas
Eu Já não sinto amor, nem dor
Já não sinto nada...

Socorro!
Alguém me dê um coração
Que esse já não bate
Nem apanha
Por favor!
Uma emoção pequena qualquer coisa!
Qualquer coisa que se sinta...
Tem tantos sentimentos
Deve ter algum que sirva
Qualquer coisa que se sinta
Tem tantos sentimentos
Deve ter algum que sirva...

quinta-feira, 26 de maio de 2011

TANGÍVEL

Um casal de negro estilizado, os mesmos parecem ser bonecos de madeira. O título, tangível, vem em resposta ao preconceito e a indiferença sofrida pelos mesmos. Tangível, eles não estão na esfera subjetiva, mas são palpáveis e são passiveis de sentimento como qualquer um.

Acrílico s/tela
50x70
Alex Rocha


"Leia o texto abaixo e depois leia de baixo para cima"

Não te amo mais.
Estarei mentindo dizendo que
Ainda te quero como sempre quis.
Tenho certeza que
Nada foi em vão.
Sinto dentro de mim que
Você não significa nada.
Não poderia dizer jamais que
Alimento um grande amor.
Sinto cada vez mais que
Já te esqueci!
E jamais usarei a frase
EU TE AMO!
Sinto, mas tenho que dizer a verdade
É tarde demais...
Clarice Lispetor

quarta-feira, 25 de maio de 2011

MENINO NU


Uma típica imagem do interior, um menino nu puxando um brinquedo, retrata a inocência de uma criança que viaja em seu mundo, sem medo ou pudor, alheio ao mundo adulto.

Alex Rocha
Acrílico s/trela

O MUNDO DA CRIANÇA
Toquinho

É sempre colorido, muitas vezes de papel
Com arcos, flechas, índios e soldados
Cheinho de presentes feitos por papai Noel
O mundo da criança e iluminado
Baleias gigantescas, violentos tubarões
Mistérios de um espaço submerso
Espaçonaves passam por dez mil constelações
O mundo da criança é um universo
O mundo da criança é um universo
Pipas, peões, bolas, balões, skates e patins
Vovó, vovô, mamãe, papai, família
É fácil imaginar uma aventura
Dentro de uma selva escura
Com perigos e armadilhas
Viagens para encontrar minas de ouro
Piratas e um tesouro enterrado numa ilha
Imagens, games, bate-papos no computador
O tempo é cada vez mais apressado
E mesmo com todo esse imenso interativo amor
O mundo da criança é abençoado
O mundo da criança é abençoado

O GALO

Um galo sozinho não tece uma manhã:
ele precisará sempre de outros galos.
De um que apanhe esse grito que ele
e o lance a outro; de um outro galo
que apanhe o grito de um galo antes
e o lance a outro; e de outros galos
que com muitos outros galos se cruzem
os fios de sol de seus gritos de galo,
para que a manhã, desde uma teia tênue,
se vá tecendo, entre todos os galos.

(Trecho do poema de João Cabral de Melo Neto, Tecendo a Manhã)
Alex Rocha
Acrílico s/tela
50x70cm

terça-feira, 24 de maio de 2011

MAMOAN

Paia de Mamoan em ilhéus. Costumava ir sempre nesse local quando Duda, minha filha, ainda era pequena. Acho lindas as jangadas rústicas, muito poéticas quando estão jogadas na praia após a dura pescaria.
Acrílico s/tela
Alex Rocha

ELOGIO A LOUCURA


Se, agora, fazeis questão de saber por que motivo me agrada aparecer diante de vós com uma roupa tão extravagante, eu vo-lo direi em seguida, se tiverdes a gentileza de me prestar atenção; não a atenção que costumais prestar aos oradores sacros, mas a que prestais aos charlatães, aos intrujões e aos bobos das ruas...
Para dizer a verdade, não nutro nenhuma simpatia pelos sábios que considera tolo e impudente o auto-elogio. Poderão julgar que seja isso uma insensatez, mas deverão concordar que uma coisa muito decorosa é zelar pelo próprio nome.

De fato, que mais poderia convir à Loucura do que ser o arauto do próprio mérito e fazer ecoar por toda parte os seus próprios louvores? Quem poderá pintar-me com mais fidelidade do que eu mesma? Haverá, talvez, quem reconheça melhor em mim o que eu mesma não reconheço? De resto, esta minha conduta me parece muito mais modesta do que a que costuma ter a maior parte dos grandes e dos sábios do mundo.

Não posso deixar, neste momento, de manifestar um grande desprezo, não sei se pela ingratidão ou pelo fingimento dos mortais. É certo que nutrem por mim uma veneração muito grande e apreciam bastante as minhas boas ações; mas, parece incrível, desde que o mundo é mundo, nunca houve um só homem que, manifestando o reconhecimento, fizesse o elogio da Loucura.

Antes de mais nada, sustento que, em geral, as paixões são reguladas pela Loucura. Com efeito, que é que distingue o sábio do louco? Não será, talvez, o fato do louco se guiar em tudo pelas paixões, e o sábio pelo raciocínio?

Trechos retirados do livro Elogiam a Loucura, de Erasmo de Rotterdam

Quase Todos os homens são loucos, já fizeram alguma loucura e a esse respeito todos se assemelham. Deleitem com as minhas louras materializadas nas pinturas e desenhos.
Acrílico s/duratex
Alex Rocha

segunda-feira, 23 de maio de 2011

CONFLITO


CONFLITO
Alex  Rocha
1.50 x 1.50
Acrílico s/duratex
2008









“Estive pensando muito na fúria cega com que os homens se atiram à caça do dinheiro. É essa a causa principal dos dramas, das injustiças e da incompreensão de nossa época. Eles esquecem o que têm de mais humano e sacrificam o que a vida lhes oferece de melhor: as relações de criatura para criatura. De que serve construir arranhas-céus se não há mais alma humana para morar neles…”

Este trecho do livro (Olhai os lírios do campo) de Erico Veríssimo exprime bem o que quis retratar nesse trabalho, a problemática do homem com a sociedade, conseuüentemente com ele próprio. A inspiração veio da observação da pressa, da ânsia e do apelo que o ser humano faz na busca inconsciente da felicidade, usando quase sempre, o dinheiro e o poder como causa dessa felicidade.


Alex Rocha

domingo, 22 de maio de 2011

O BONECO NO BANCO

Faz parte de um série intitulada, “Bonecos de madeira”. O boneco no banco é uma marionete de madeira com formato simplificado e geométrico, parece ter sido deixado de lado depois de horas de brincadeira. Sempre fui fascinado por esse tipo de boneco e principalmente sobre o seu poder lúdico e magia que exerce sobre as crianças e adultos.
Acrílico s/tela.
Alex Rocha

TREPANAÇÃO


Trepanação é o processo de fazer um buraco no crânio. É a mais antiga prática cirúrgica e ainda é realizada em cerimônias religiosas por certas tribos africanas. Foi encontrado na França um crânio trepanado datado de cerca de 5000 aC. No passado, a trepanação era aparentemente usada para aliviar pressão no cérebro causada por traumas, doenças ou libertar espíritos maus. A primeira tese ainda é aceita como procedimento médico.
No quadro a figura tem três cabeças, sendo que dois dos crânios estão trepanados. As figuras, enroscadas e retorcidas, demonstram aflição na tentativa de libertar-se. Esse esforço animalesco na busca de paz e consciência é demonstrado conotativamente através das pernas de animal confundidas entre as pernas da estranha figura.
Óleo s/tela, 50x70.
Alex Rocha

JESUS ALEGRIA DOS HOMENS


Ele é nossa esperança e força. Só Ele pode nos dá a verdadeira alegria que não esta condicionada à posse e a condição social, ou a qualquer coisa.
Quando Cristo morreu na cruz foi como uma semente que cai na terra, ela precisa morrer para dá vida. Jesus morreu para nos dá esperança e vida, portanto, Jesus alegria dos homens.O título foi inspirado na música de John Sebastian Bach.
Óleo s/tela – 50 x 70 cm

OS MEUS SAPATOS


Assistir a um filme em que um ator falava sobre os sapatos, sobre sua importância. Segundo ele, sua mãe dizia que se pode falar muito a respeito de uma pessoa pelos seus sapatos, por exemplo, de onde ela vem, para onde vai... Realmente os sapatos podem falar, revelar um pouco do caráter de alguém. Inspirado nisso, pintei esse quadro.
Pintado provavelmente em 2003, acrílico s/tela. Cores escuras com pinceladas espontâneas e marcantes, demonstrando dinamismo e inquietação.

sábado, 21 de maio de 2011

O TRABALHO




"Que a inspiração chegue não depende de mim. A única coisa que posso fazer é garantir que ela me encontre trabalhando."

Essa é uma frase do Grande pintor Pablo Picasso, ela sintetiza bem o que representa o trabalho para o artista. Para o Artista o trabalho é uma oportunidade de aprender o que ainda não sabe, é um desafio, ele ver cada trabalho como uma chance, uma oportunidade de se tornar eterno ou de deixar sua marca, suas pegadas na terra. Isso é algo natural que já nasci com o mesmo. O trabalho não é visto apenas como o meio pelo o qual se ganha dinheiro, mas uma necessidade fisiológica, ele nasceu pra fazer aquilo e é essa sua missão, cada trabalho concluído lhe dá inspiração para outro trabalho, a vida, a natureza, os sentimentos, tanto maus como bons, duto isso é fonte e matéria-prima para realização.

Alex Rocha