quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

O HOMEM- DE- LATA








O HOMEM-DE-LATA
Óleo S/Tela
Alex Rocha
60 X 80
2011









                    Socorro alguém me dê um coração! Por favor, uma emoção pequena, qualquer coisa!
                  Coração, um amigo, um bandido talvez! Mas como viver sem Ele? Como viver sem sentir? O Homem-de-lata vivia assim, vazio. Do seu interior apenas um eco tristonho e frio. Homem-de-lata, apenas uma armadura de aparência forte, mas frágil como bem sabe a ferrugem. Com medo similar ao do leão, apenas um espantalho que vagava sobre tijolos amarelos em busca do seu coração nesse mundo de Oz.


             Verdade é que o leão procurava corragem, o espantalho, cérebro e Dorohty voltar para casa. Mas o homem de lata também procurava sua casa quando procurava seu coração, um lugar, alguém como coração e eu, bem, eu achei...

Alex Rocha

sábado, 3 de dezembro de 2011

O PALHAÇO COM VIOLÃO


 

O PALHAÇO COM VIOLÃO
ÓLEO S/TELA
ALEX ROCHA
2011

Vai, vai, vai começar a brincadeira
Tem charanga tocando a noite inteira
Vem, vem, vem ver o circo de verdade
Tem, tem, tem picadeiro de qualidade

Corre, corre, minha gente que é preciso ser esperto
Quem quiser que vá na frente, vê melhor quem vê de perto
Mas no meio da folia, noite alta, céu aberto
Sopra o vento que protesta, cai no teto, rompe a lona
Pra que a lua de carona também possa ver a festa

Bem me lembro o trapezista que mortal era seu salto
Balançando lá no alto parecia de brinquedo
Mas fazia tanto medo que o Zezinho do Trombone
De renome consagrado esquecia o próprio nome
E abraçava o microfone pra tocar o seu dobrado

Faço versos pro palhaço que na vida já foi tudo
Foi soldado, carpinteiro, seresteiro e vagabundo
Sem juízo e sem juízo fez feliz a todo mundo
Mas no fundo não sabia que em seu rosto coloria
Todo encanto do sorriso que seu povo não sorria
De chicote e cara feia domador fica mais forte
Meia volta, volta e meia, meia vida, meia morte
Terminando seu batente de repente a fera some
Domador que era valente noutras feras se consome
Seu amor indiferente, sua vida e sua fome
Fala o fole da sanfona, fala a flauta pequenina
Que o melhor vai vir agora que desponta a bailarina
Que o seu corpo é de senhora, que seu rosto é de menina
Quem chorava já não chora, quem cantava desafina
Porque a dança só termina quando a noite for embora



Vai, vai, vai terminar a brincadeira
Que a charanga tocou a noite inteira
Morre o circo, renasce na lembrança
Foi-se embora e eu ainda era criança






"O Circo"
Nara Leão

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

O artista: o santo e o louco




Alex Rocha
òleo  S/Tela
2011








 


A arte faz parte da história da humanidade desde os primórdios da nossa existência. Diversas teorias pretendem explicar a gênese dessa extraordinária linguagem que se desenvolve de diversas maneiras em seres humanos, sempre causando admiração e espanto.

Todo ser humano é capaz de criar. A criatividade é um processo que pode ser desenvolvido através da estimulação. Mas não se sabe o porquê, alguns indivíduos são dotados de uma capacidade criativa que se diferencia da maioria das pessoas “normais”.
O artista é um ser iluminado que possui um dom elevado da arte e da criação. Isso, muitas vezes o torna incompreendido, e até mesmo chega a ser considerado um louco por aqueles que não o compreendem. Isso quando não são chamados de vagabundos, de bêbados, de vira-latas...

Um artista, por muitas vezes, pode se tornar um louco, um indivíduo excluído, às margens da sociedade, vítima da incompreensão. É comum ouvir histórias de grandes artistas que não foram compreendidos senão após gerações além da sua.

Em suas cartas a Theo, o grande mestre da pintura Vincent Van Gogh, fala desse “santo e louco” que foi, e que é o artista para a sociedade.

(1882), “O que eu sou aos olhos da maioria das pessoas? Uma pessoa sem importância, um excêntrico ou alguém desprezível, alguém que não tem nenhuma posição na sociedade e nunca terá. Pois bem, mesmo se eles estivessem absolutamente certos, então eu gostaria de um dia mostrar, pelo meu trabalho, o que um excêntrico, o que um ninguém traz em seu coração.”
“Sou um homem de paixões, capaz de, e sujeito a fazer coisas mais ou menos insensatas, das quais às vezes me arrependo, mais ou menos. Muitas vezes me ocorre falar ou agir um pouco depressa demais, quando seria melhor esperar, com um pouco mais de paciência.”

(1884), “Ao invés de me deixar levar pelo desespero, tomei partido da melancolia ativa, enquanto tinha potência de atividade. Ou, em outras palavras, preferi a melancolia que espera e que aspira, e que busca; invés daquela que embota e, estagnada, desespera.”



(1889), “É certamente um estranho fenômeno que todos os artistas, poetas, músicos, pintores, sejam materialmente infelizes; inclusive os felizes. Isso renova a questão: A vida é inteiramente visível para nós? Ou, antes da morte só lhe conhecemos um hemisfério?”

(1890), “Temos que nos prevenir, temos que trabalhar para ter um telhado em nossas cabeças, camas, enfim, o indispensável para agüentar o cerco do fracasso, que durará por toda a nossa existência. E temos que nos fixar em um lugar mais barato. Concluo: viver mais ou menos como monges, ou eremitas, tendo o trabalho como primeira paixão, com a resignação do bem estar. Quando se é um pintor, passa-se por louco ou por milionário. Uma xícara de leite custa um frango. Um pão com manteiga, dois. E os quadros não se vendem. Quanto a considerar-me totalmente são, não devemos fazê-lo. As pessoas da região que são doentes como eu, falam a verdade. Podemos viver muito ou pouco. Mas sempre haverá momentos em que perderemos a cabeça. Peço, portanto, que não diga que eu não tenho nada. Ou eu não teria nada. Se eu me relanço em cheio no trabalho, muito bem. Mas continuo sempre louco”. (Vincent Van Gogh)

As pessoas são muito hipócritas. É muito mais fácil julgarem os artistas como “loucos”, do que assumirem o quanto são, a elas, superiores em sua essência.


Júlia Lícia Soares Matos.


quarta-feira, 9 de novembro de 2011

O AMOR E A LOUCURA








Contam que uma vez se reuniram todos os sentimentos e qualidades
dos homens em um lugar da terra. Quando o ABORRECIMENTO havia reclamado pela terceira vez, a LOUCURA, como sempre muito louca, propôs:
- Vamos brincar de esconde-esconde?
A INTRIGA levantou a sobrancelha intrigada e a CURIOSIDADE
sem poder conter-se perguntou:
- Esconde-esconde? Como é isso?
- É um jogo, explicou a LOUCURA, em que eu fecho os olhos e começo a contar de um a um milhão enquanto vocês se escondem, e quando eu tiver terminado de contar, o primeiro de vocês que eu encontrar ocupará o meu lugar para continuar o jogo.
O ENTUSIASMO dançou seguido pela EUFORIA. A ALEGRIA deu tantos
saltos que acabou por convencer a DÚVIDA e até mesmo a APATIA,
que nunca se interessava por nada.
Mas nem todos quiseram participar: a VERDADE preferiu não esconder-se.
"Para que se no final todos me encontram?"- pensou. A SOBERBA opinou que era um jogo muito tonto (no fundo o que a incomodava era que a idéia não
tivesse sido dela ) e a COVARDIA preferiu não se arriscar.
- Um, dois, três, quatro, ... - Começou a contar a LOUCURA.
A primeira a esconder-se foi a PRESSA que caiu atrás da primeira pedra no caminho. A FÉ subiu ao céu e a INVEJA se escondeu atrás da sombra do TRIUNFO que, com seu próprio esforço, tinha conseguido subir na copa da árvore mais alta. A GENEROSIDADE quase não conseguiu esconder-se, pois cada local que encontrava parecia perfeito para algum de seus amigos: se era um lago cristalino, ideal para a BELEZA; se era a copa de uma árvore, perfeito para a TIMIDEZ; se era o vôo de uma borboleta, o melhor para VOLÚPIA; se era uma rajada de vento, magnífico para a LIBERDADE.
E assim acabou escondendo-se num raio de sol. O EGOÍSMO, ao contrário,
encontrou um local muito bom desde o início. Ventilado, cômodo, mas apenas
para ele. A MENTIRA escondeu-se no fundo do oceano (mentira! ela se
escondeu mesmo foi atrás do arco-íris) e a PAIXÃO e o DESEJO, no centro dos vulcões. O ESQUECIMENTO... não me recordo onde se escondeu, mas isso não é o mais importante...
Quando a LOUCURA já estava lá pelos 999.999, o AMOR ainda não
havia encontrado um local para esconder-se pois todos já estavam ocupados, até que encontrou uma rosa e, carinhosamente, decidiu esconder-se entre suas pétalas.
- Um milhão! - terminou de contar a LOUCURA e começou a busca.
A primeira a aparecer foi a PRESSA, apenas a três passos da pedra.
Depois, escutou-se a FÉ discutindo zoologia com DEUS no céu.
Sentiu-se vibrar a PAIXÃO e o DESEJO nos vulcões. Em um descuido, encontrou a INVEJA e claro, pode-se deduzir onde estava o TRIUNFO.
O EGOÍSMO, não teve nem que procurá-lo. Ele sozinho saiu de seu esconderijo, que na verdade era um ninho de vespas.
De tanto caminhar, a LOUCURA sentiu sede e ao se aproximar de um lago,
descobriu a BELEZA. A DÚVIDA foi mais fácil ainda, pois estava sentada em uma cerca sem saber de que lado esconder-se...
E assim foi encontrando todos: o TALENTO entre as ervas frescas,
a ANGÚSTIA numa cova escura, a MENTIRA atrás do arco-íris
(mentira! na verdade estava no fundo do oceano) e até o ESQUECIMENTO,
a quem já havia esquecido que estava brincando de esconde-esconde.
Apenas o AMOR não aparecia em nenhum local...
A LOUCURA procurou em baixo de cada rocha do planeta,
atrás de cada árvore, em cima de cada montanha...
Quando estava a ponto de dar-se por vencida, encontrou um roseiral.
Pegou uma forquilha e começou a remover os ramos, quando, no mesmo instante, escutou um grito de DOR. Os espinhos haviam ferido o AMOR nos olhos. A LOUCURA não sabia o
que fazer para desculpar-se. Chorou, rezou, implorou, pediu desculpas e perdão e prometeu ser seu guia eternamente...
Desde então, desde que pela primeira vez se brincou de esconde-esconde na Terra:
O AMOR é cego e a LOUCURA sempre o acompanha.
Entrou por uma porta
Saiu pela outra
Quem quiser que conte outra!
(Texto achado por acaso)

terça-feira, 25 de outubro de 2011

DOiS CORPOS QUE CAEM


Por simples acaso, dois desconhecidos encontraram-se despencando juntos do alto do Edifício Itália, no centro de São Paulo.
- Oi – disse o primeiro, no alvoroçado início da queda. – Eu me chamo João. E você?
- Antônio – gritou o segundo, perfurando furiosamente o espaço.
E, só pra matar o tempo do mergulho, começaram a conversar.
- O que você faz aqui? – perguntou Antônio.
- Estou me matando – respondeu João. – E você?
- Que coincidência! Eu também. Espero que desta vez dê certo, porque é minha décima tentativa. anos venho tentando. Mas tem sempre um amigo, um desconhecido e até bombeiro que impede. Você afinal está se matando por quê?
- Por amor – respondeu João, sentindo o vento frio no rosto. – Eu, que amava tanto, fui trocado por um homem de olhos azuis. Infelizmente só tenho estes corriqueiros olhos castanhos…
- E não lhe parece insensato destruir a vida por algo tão efêmero como o amor? – ponderou Antônio, sentindo a zoada que o acompanhava à morte.
- Justamente. Trata-se de uma vingança da insensatez contra a lógica
- gritou João num tom quase triunfante. – Em geral é a vida que destrói o amor. Desta vez, decidi que o amor acertaria contas com a vida!
- Poxa – exclamou Antônio – você fez do amor uma panacéia!
- Antes fosse – replicou João, com um suspiro. – Duvidoso como é, o amor me provocou dores horríveis. Nunca se sabe se o que chamamos amor é desamparo, solidão doentia ou desejo incontrolável de dominação. O que na verdade me seduz é que o amor destrói certezas com a mesma incomparável transparência com que o caos significante enfrenta a insignificância
da ordem. Não, o amor não é solução para a vida. Mas é culminância. Morrer por ele me trouxe paz.
Ante o vertiginoso discurso, ambos tentaram sorrir contra a gravidade.
- E você, como se sente? – perguntou João a Antônio.
- Oh, agora estou plenamente satisfeito.
- Então por que busca a morte?
- Bom – respondeu Antônio – me assustou descobrir um fiasco primordial: que a razão tem demônios que a própria razão desconhece. Daí, preferi mergulhar de vez no mistério.
- Sim, da razão conheço demasiados horrores. Mas que mistério é esse tão importante a ponto de merecer sua vida?
- Não sei – respondeu Antônio. – Mistério é mistério.
- Mas morto você não desvendará o mistério! – protestou João.
- Por isso mesmo. O fundamental no mistério é aguçar contradições, e não desvendar. Matar-me, por exemplo, é bom na medida que me torna parte do enigma e, de certo modo, o agudiza. Tem a ver com a fé, que gera energias para a vida. Ou para a história, quem sabe…
- Taí um negócio que perdi: a fé. Deus para mim… – e João engasgou.
- Ora – revidou Antônio vivamente. – A fé nada tem a ver com Deus, que se reduziu a uma pobre estrela anã de energias tão concentradas que já nem sai do lugar. Deus desistiu de entender os homems, e virou também indagador. Sem Deus nem Razão, a única fé possível é mergulhar neste abismo do mistério total.
- Mas para isso é preciso ao menos saber onde está o mistério – insistiu João com os cabelos drapejando ao vento.
- Ué, o mistério está em mim, por exemplo, que me mato para coincidir comigo mesmo. Mas há mistério também em você: seu morrer de amor é o mais impossível ato de fé. Graças a ele, você participa do mistério. Porque se apaixonou pelos abismos. João olhou com olhos estatelados, ao compreender. E Antônio, que já faiscava na semi-realidade da vertigem, gritou com todas as forças:
- Há sobretudo este mistério maior de estarmos, na mesma hora e local, cometendo o mesmo gesto absurdo e despencando para a mesma incerteza, por puro acaso. Além de cúmplices, a intensidade deste mergulho nos tornou visionários. Você não vê diante de si o desconhecido? É que já estamos perfurando a treva.
E como tudo de fato reluzia, João também ergueu a voz:
- Sim, sim. É espantoso o brilho do absurdo.
- E agora – disse Antônio bem diante do rosto de João – falemos um pouco da permanência. Você gosta dos meus olhos azuis?
Foi quando os dois corpos se estatelaram na Avenida São Luiz.


João Silverio Trevisan

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

EU TE AMO



DESENHO ESTUDO PARA O TRABALHO
A MULHER
2011
Alex Rocha








Ah, se já perdemos a noção da hora
Se juntos já jogamos tudo fora
Me conta agora como hei de partir

Ah, se ao te conhecer
Dei pra sonhar, fiz tantos desvarios
Rompi com o mundo, queimei meus navios
Me diz pra onde é que inda posso ir

Se nós nas travessuras das noites eternas
Já confundimos tanto as nossas pernas
Diz com que pernas eu devo seguir

Se entornaste a nossa sorte pelo chão
Se na bagunça do teu coração
Meu sangue errou de veia e se perdeu

Como, se na desordem do armário embutido
Meu paletó enlaça o teu vestido
E o meu sapato inda pisa no teu

Como, se nos amamos feito dois pagãos
Teus seios ainda estão nas minhas mãos
Me explica com que cara eu vou sair

Não, acho que estás te fazendo de tonta
Te dei meus olhos pra tomares conta
Agora conta como hei de partir.


Chico Buarque

domingo, 25 de setembro de 2011

METÁFORA



Metáfora
Acrílico s/tela
2002







Uma lata existe para conter algo
Mas quando o poeta diz: "Lata"
Pode estar querendo dizer o incontível

Uma meta existe para ser um alvo
Mas quando o poeta diz: "Meta"
Pode estar querendo dizer o inatingível

Por isso, não se meta a exigir do poeta
Que determine o conteúdo em sua lata
Na lata do poeta tudonada cabe
Pois ao poeta cabe fazer
Com que na lata venha caber
O incabível

Deixe a meta do poeta, não discuta
Deixe a sua meta fora da disputa
Meta dentro e fora, lata absoluta
Deixe-a simplesmente metáfora

                                                 Gilberto Gil

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

O PEQUENO PRÍNCIPE





O PALHAÇO COM FLAuTA
ÓLEO S/TELA
0,80 X 1.00
ALEX ROCHA
2011











O pequeno príncipe atravessou o deserto e encontrou apenas uma flor. Uma flor de três pétalas, uma florzinha insignificante….
- Bom dia – disse o príncipe.
- Bom dia – disse a flor.
- Onde estão os homens? – Perguntou ele educadamente.
A flor, um dia, vira passar uma caravana:
- Os homens? Eu creio que existem seis ou sete. Vi-os faz muito tempo. Mas não se pode nunca saber onde se encontram. O vento os leva. Eles não têm raízes. Eles não gostam das raízes.
-Adeus – disse o principezinho.
-Adeus – disse a flor.







O pequeno príncipe escalou uma grande montanha. As únicas montanhas que conhecera eram os três vulcões que batiam no joelho. O vulcão extinto servia-lhe de tamborete. “De uma montanha tão alta como esta”, pensava ele, “verei todo o planeta e todos os homens…” Mas só viu pedras pontudas, como agulhas.

- Bom dia! – disse ele ao léu.
- Bom dia… bom dia… bom dia… – respondeu o eco.
- Quem és tu? – perguntou o principezinho.
- Quem és tu… quem és tu… quem és tu… – respondeu o eco.
- Sejam meus amigos, eu estou só… – disse ele.
- Estou só… estou só… estou só… – respondeu o eco.




“Que planeta engraçado!”, pensou então. “É completamente seco, pontudo e salgado. E os homens não têm imaginação. Repetem o que a gente diz… No meu planeta eu tinha uma flor; e era sempre ela que falava primeiro.”
Mas aconteceu que o pequeno príncipe, tendo andado muito tempo pelas areias, pelas rochas e pela neve, descobriu, enfim, uma estrada. E as estradas vão todas em direção aos homens.
- Bom dia! – disse ele.
Era um jardim cheio de rosas.
- Bom dia! – disseram as rosas.



Trecho do romance "o Pequeno Príncipe" do escritor francês Antoine de Saint-Exupéry publicado em 1943 nos Estados Unidos. Por meio da sua narrativa poética nos faz viajar reencontrando a criança dentro de nós.



sexta-feira, 16 de setembro de 2011

O GATO




Desenho
O Gato
Alex Rocha











O meu mundo era o apartamento
Detefon, almofada e trato
Todo dia filé-mignon
Ou mesmo um bom filé...de gato
Me diziam, todo momento
Fique em casa, não tome vento
Mas é duro ficar na sua
Quando à luz da lua
Tantos gatos pela rua
Toda a noite vão cantando assim


Nós, gatos, já nascemos pobres
Porém, já nascemos livres
Senhor, senhora ou senhorio
Felino, não reconhecerás

Trecho da música " A história de uma gata" de Chico Burque.

INSUBISTITUÍVEL


Acrílico S/Duratex
Alex Rocha
2002









“Quando o homem explorar intensamente o pequeno átomo e o imenso espaço e disser que domina o mundo, quando conquistar as mais complexas tecnologias e disser que sabe tudo, então ele terá tempo para se voltar para dentro de si mesmo. Nesse momento descobrirá que aconteceu um grande erro. Qual?
Compreenderá que dominou o mundo de fora, mas não dominou o mundo de dentro, os imensos territórios de sua alma. Descobrirá que se tornou um gigante na ciência, mas que é um frágil menino que não sabe navegar nas águas da emoção e que desconhece os segredos que tecem a colcha de retalhos da sua inteligência. Quando isso ocorrer, algo novo acontecerá. Ele encontrará pela segunda vez a sua maior invenção: a roda. A roda? Sim, só que dessa vez será a roda da emoção. Encontrando-a, ele percorrerá territórios pouco explorados e, por fim, encontrará o que sempre procurou: o amor, o amor pela vida e pelo Autor da vida.”


Trecho do livor Você  é insubstituivel , Augusto Cury






sexta-feira, 9 de setembro de 2011

INSTANTES


Alex Rocha
Passaro
Acrílico s/Tela
50X70










Se eu pudesse viver novamente minha vida, na próxima trataria de cometer mais erros. Não tentaria ser tão perfeito, relaxaria mais. Não mais tolo ainda do que tenho sido. Na verdade bem poucas coisas levaria a sério....

Seria menos higiênico..... Correria mais riscos, viajaria mais, contemplaria mais entardeceres, subiria mais montanhas, nadaria mais rios....
Iria a mais lugares onde nunca fui, tomaria mais sorvete e comeria menos lentilha. Teria mais problemas reais e menos problemas imaginários.
Eu fui uma dessas pessoas que viveu sensata e produtivamente cada minuto da vida; claro que tive momentos de alegria... Mas se eu pudesse voltar a viver trataria de ter somente bons momentos. Porque se não sabem, disso é feita a vida, só de momentos, não percas o agora....
Seria menos higiênico..... Correria mais riscos, viajaria mais, contemplaria mais entardeceres, subiria mais montanhas, nadaria mais rios....
Iria a mais lugares onde nunca fui, tomaria mais sorvete e comeria menos lentilha. Teria mais problemas reais e menos problemas imaginários.
Eu fui uma dessas pessoas que viveu sensata e produtivamente cada minuto da vida; claro que tive momentos de alegria... Mas se eu pudesse voltar a viver trataria de ter somente bons momentos. Porque se não sabem, disso é feita a vida, só de momentos, não percas o agora.... 


Jorge Luiz Borges





quinta-feira, 1 de setembro de 2011

DESEJO



Estudo p/pintura
Alex Rocha





Desejo primeiro, que você ame, e que amando, também seja amado. E que se não for, seja breve em esquecer e esquecendo não guarde magoa. Desejo pois, que não seja assim, mas se for, saiba ser sem desesperar.
Desejo também que tenha amigos, que mesmo maus e inconseqüentes, sejam corajosos e fiéis, e que em pelo menos num deles você possa confiar sem duvidar, E porque a vida é assim, desejo ainda que você tenha inimigos; Nem muitos, nem poucos, mas na medida exata para que, algumas vezes, você se interpele a respeito de suas próprias certezas. E que entre eles, haja pelo menos um que seja justo, para que você não se sinta demasiado seguro.
Desejo depois que você seja útil, mas não insubstituível. E que nos maus momentos, quando não restar mais nada, essa utilidade seja suficiente para manter você de pé.
Desejo ainda que você seja tolerante; não com os que erram pouco, porque isso é fácil, mas com os que erram muito e irremediavelmente, e que fazendo bom uso dessa tolerância, você sirva de exemplo aos outros.
Desejo que você sendo jovem não amadureça depressa demais, e que sendo maduro, não insista em rejuvenescer e que sendo velho não se dedique ao desespero. Porque cada idade tem o seu prazer e a sua dor e é preciso deixar que eles escorram por entre nós.
Desejo por sinal que você seja triste; não o ano todo, mas apenas um dia. Mas que nesse dia descubra que o riso diário é bom; o riso habitual é insosso e o riso constante é insano.
Desejo que você descubra, com o máximo de urgência, acima e a despeito de tudo, que existem oprimidos, injustificados e infelizes, e que estão à sua volta.
Desejo ainda que você afague um gato, alimente um cuco e ouça o João-de-barro erguer triunfante o seu canto matinal; porque assim, você se sentirá bem por nada.
Desejo também que você plante uma semente, por mais minúscula que seja, e acompanhe o seu crescimento, para que você saiba de quantas muitas vidas é feita uma árvore.
Desejo outrossim, que você tenha dinheiro, porque é preciso ser prático. E que pelo menos uma vez por ano coloque um pouco dele na sua frente e diga "Isso é meu", só para que fique bem claro quem é o dono de quem.
Desejo também que nenhum dos seus afetos morra, por ele e por você, mas que se morrer, você possa chorar sem se lamentar e sofrer sem se culpar.
Desejo por fim que você sendo um homem, tenha uma boa mulher, e que sendo uma mulher, tenha um bom homem e que se amem hoje, amanhã e no dia seguinte, e quando estiverem exaustos e sorridentes, ainda haja amor para recomeçar.
E se tudo isso acontecer, não tenho nada mais a te desejar.


                                                                                                                                 Victor Hugo

domingo, 28 de agosto de 2011

AO ANJO






Óleo s/terla
50X70








Um anjo me inspirou nesse quadro. Não me disse às cores que deveria usar muito menos o que deveria pintar, apenas disse: pinte!
Anjos existem, mas existe também o silencio e o meu coração é vermelho, mas também pode ser azul.


Alex Rocha


segunda-feira, 15 de agosto de 2011

TEXTO ACHADO AO ACASO



Esse texto eu achei por acaso na internet, em um blog, não mencionava o autor, diz assim:
“Às vezes é preciso aprender a perder, a ouvir e não responder, a falar sem nada dizer, a esconder o que mais queremos mostrar, a dar sem receber, sem cobrar, sem reclamar.

Às vezes é preciso esperar que o tempo nos indique o momento certo para falar e então alinhar as idéias, dizer tudo o que se tem a dizer, não ter medo de dizer ‘não’.

Às vezes é preciso partir antes do tempo, dizer aquilo que mais se quer dizer, arrumar a cabeca, limpar a alma e prepará-la para um futuro incerto, acreditar que esse futuro já está perto, apertar as mãos uma contra a outra e rezar a um deus qualquer que nos dê forca e serenidade.

Pensar que o tempo está a nosso favor, que a vontade de mudar é sempre mais forte. É preciso aprender que tudo tem o seu tempo e que esse tempo tem sempre um fim.

Às vezes mais vale desistir que insistir, esquecer do que querer, arrumar do que cultivar.

Às vezes é preciso mudar o que não tem solução, deitar tudo abaixo para voltar a construir do zero e bater com a porta, apanhar o último comboio sem olhar para trás, esquecer a voz, o cheiro, as mãos e a cor da pele, apagar a memória sem medo de a perder para sempre, esquecer tudo.

Às vezes é preciso saber renunciar, não aceitar, não pedir nem dar, sair pela porta da frente sem a fechar, e partir para outro mundo, para outro lugar, mesmo quando o que mais queremos é ficar...”

domingo, 31 de julho de 2011

A Alegria na Tristeza

Acrílico s/tela
Alex Rocha

O título desse texto na verdade não é meu, e sim de um poema do uruguaio Mario Benedetti. No original, chama-se "Alegría de la tristeza" e está no livro "La vida ese paréntesis" que, até onde sei, permanece inédito no Brasil.

O poema diz que a gente pode entristecer-se por vários motivos ou por nenhum motivo aparente, a tristeza pode ser por nós mesmos ou pelas dores do mundo, pode advir de uma palavra ou de um gesto, mas que ela sempre aparece e devemos nos aprontar para recebê-la, porque existe uma alegria inesperada na tristeza, que vem do fato de ainda conseguirmos senti-la.

Pode parecer confuso mas é um alento. Olhe para o lado: estamos vivendo numa era em que pessoas matam em briga de trânsito, matam por um boné, matam para se divertir. Além disso, as pessoas estão sem dinheiro. Quem tem emprego, segura. Quem não tem, procura. Os que possuem um amor desconfiam até da própria sombra, já que há muita oferta de sexo no mercado. E a gente corre pra caramba, é escravo do relógio, não consegue mais ficar deitado numa rede, lendo um livro, ouvindo música. Há tanta coisa pra fazer que resta pouco tempo pra sentir.

Por isso, qualquer sentimento é bem-vindo, mesmo que não seja uma euforia, um gozo, um entusiasmo, mesmo que seja uma melancolia. Sentir é um verbo que se conjuga para dentro, ao contrário do fazer, que é conjugado pra fora.

Sentir alimenta, sentir ensina, sentir aquieta. Fazer é muito barulhento.

Sentir é um retiro, fazer é uma festa. O sentir não pode ser escutado, apenas auscultado. Sentir e fazer, ambos são necessários, mas só o fazer rende grana, contatos, diplomas, convites, aquisições. Até parece que sentir não serve para subir na vida.

Uma pessoa triste é evitada. Não cabe no mundo da propaganda dos cremes dentais, dos pagodes, dos carnavais. Tristeza parece praga, lepra, doença contagiosa, um estacionamento proibido. Ok, tristeza não faz realmente bem pra saúde, mas a introspecção é um recuo providencial, pois é quando silenciamos que melhor conversamos com nossos botões. E dessa conversa sai luz, lições, sinais, e a tristeza acaba saindo também, dando espaço para uma alegria nova e revitalizada. Triste é não sentir nada.

Martha Medeiros

sábado, 30 de julho de 2011

A FLOR

 


A vida na força das cores e pinceladas. O movimento nos traços, a inquietude e brevidade no viver. A sede, a fome, a necessidade, nos faz correr em direção ao alvo. Às vezes inconscientemente corremos. Mesmo a flor que parece nascer exclusivamente para ser bela, se contorce acorrentada ao solo por essa razão, hora por uma gota d'água, hora um cheiro e o carinho na face de suas pétalas por um beija-flor.

Alex Rocha

quinta-feira, 28 de julho de 2011

A INSPIRAÇÃO

Estudo p/Pintura
Acrílico s/papel



Muitos têm descrito a inspiração como uma sensação de que algo está sendo ditado diretamente a seus ouvidos por alguma coisa, e outros até dizem que estavam em um estado de consciência alterado quando a inspiração surgiu , porem, todos têm certeza absoluta de que a a inspiração deve ser usada ou compartilhada. Não está sob o controle de nossa vontade, porém pode aparecer a qualquer momento, como um raio ou piscar dos olhos. Dizem que, trabalhando com disciplina, paciência e preparação, combinados com um desejo ardente, podemos abrir o canal para alcançarmos este estado almejado. A inspiração pode ocorrer durante o desenvolver da atividade intelectual, porém não trabalha através do intelecto. Pode chegar como um quadro completo ou simplesmente como um vago sentimento ou intuição.

CONSTRUÇÃO


Amou daquela vez como se fosse a última
Beijou sua mulher como se fosse a última
E cada filho seu como se fosse o único
E atravessou a rua com seu passo tímido
Subiu a construção como se fosse máquina
Ergueu no patamar quatro paredes sólidas
Tijolo com tijolo num desenho mágico
Seus olhos embotados de cimento e lágrima
Sentou pra descansar como se fosse sábado
Comeu feijão com arroz como se fosse um príncipe
Bebeu e soluçou como se fosse um náufrago
Dançou e gargalhou como se ouvisse música
E tropeçou no céu como se fosse um bêbado
E flutuou no ar como se fosse um pássaro
E se acabou no chão feito um pacote flácido
Agonizou no meio do passeio público
Morreu na contramão atrapalhando o tráfego


Amou daquela vez como se fosse o último
Beijou sua mulher como se fosse a única
E cada filho seu como se fosse o pródigo
E atravessou a rua com seu passo bêbado
Subiu a construção como se fosse sólido
Ergueu no patamar quatro paredes mágicas
Tijolo com tijolo num desenho lógico

Seus olhos embotados de cimento e tráfego
Sentou pra descansar como se fosse um príncipe
Comeu feijão com arroz como se fosse o máximo
Bebeu e soluçou como se fosse máquina
Dançou e gargalhou como se fosse o próximo
E tropeçou no céu como se ouvisse música
E flutuou no ar como se fosse sábado
E se acabou no chão feito um pacote tímido
Agonizou no meio do passeio náufrago
Morreu na contramão atrapalhando o público

Amou daquela vez como se fosse máquina
Beijou sua mulher como se fosse lógico
Ergueu no patamar quatro paredes flácidas
Sentou pra descansar como se fosse um pássaro
E flutuou no ar como se fosse um príncipe
E se acabou no chão feito um pacote bêbado
Morreu na contra-mão atrapalhando o sábado

Por esse pão pra comer, por esse chão prá dormir
A certidão pra nascer e a concessão pra sorrir
Por me deixar respirar, por me deixar existir,
Deus lhe pague
Pela cachaça de graça que a gente tem que engolir
Pela fumaça e a desgraça, que a gente tem que tossir
Pelos andaimes pingentes que a gente tem que cair,
Deus lhe pague








Pela mulher carpideira pra nos louvar e cuspir
E pelas moscas bicheiras a nos beijar e cobrir
E pela paz derradeira que enfim vai nos redimir,
Deus lhe pague


Chico Buarque

sexta-feira, 22 de julho de 2011

ESTOJO DE PINTURA



ACRÍLICO S/TELA
ESTOJO DE PINTURA
ALEX ROCHA

O Baú tinha uma textura fria, era de uma madeira pesada, escura e antiga. Não sabia como ele fora parar ali, no seu quarto. Como uma peça tão antiquada e estranha a tudo mais que o cercava fora parar ali? Seria a gravidade, a atração dos iguais? Não lembra vê-lo em outro lugar da casa, esse Baú nascera junto com ele e com o quarto, tornando-se natural e inquestionável. Nunca fizera mesmo a pergunta do como e porque ele estava ali. Se ele pudesse recordar, era sobre esse bloco que punha seus pés moles de menino para ver o Quintal. O Baú ficava bem ali, no lado esquerdo da janela. Os músculos de seus braços se enrijeceram empurrando-o mais para a direita, mais a baixo da janela; ele pisava o seu casco sem dó a fim de ver no Quintal o espetáculo das galinhas ciscando e cantando suas glossolalias, a terra rubra e as pedras cheia de grandes segredos, prestes a saltarem para suas mãos pequenas demais para eles. Era ali, no terreiro, o deserto onde gerava a civilização de suas fantasias, e com seus sonhos amolecia e entortava os metais de suas cidadelas, feitas de pecinhas furtadas da Sucata.

O Baú era o degrau que o elevava até o seu Universo. Atravessava a janela e fugia da gaiola de cimento, cujos artefatos não podia tocar sem enfrentar censuras; fugia da gaiola e renascia deus, artesão do lixo e das escórias repudiadas pelo Lar. O Quintal era o Éden de um imperador que não se entristecia com a solidão, era bom que estivesse só!, em seu lugar de inocência e de ausência de juízos, onde sua força girava livre em jogos, e os gestos podiam alçar os maiores vôos; nada poderia ferir os balões de idéias com que esses gestos planavam soltos, e também as idéias pegavam caronas nesses gestos flutuantes. O Baú, perna postiça com qual se agigantava e se esbanjava no terreiro. E os cacarejos das galinhas subiam como adorações e salmos ao senhor das pedras, o deus da terra e dos metais. Depois, o deus voltava ao seu pudor de menino, e só por pudor entrava de novo na gaiola. Era preciso esconder esse Baú no lado esquerdo da janela; era preciso esconder o seu segredo, ninguém poderia saber que ele era a ponte para o seu Éden! O enigma do Baú estava gravado em sua pele espessa e dura; seu lombo foi marcado muitas vezes com o barro rubro nos seus dedos do menino. Quando suas pernas, sozinhas, já bastavam como pontes, e o menino podia num golpe de vista alcançar os limites do seu reino, o Baú repousou para sempre em seu sono. Nunca mais foi despertado, ficando inerte no lado esquerdo da janela. E os enigmas inscritos em sua pele fugiram todos para o seu íntimo: nele Anselmo começou a guardar seus primeiros desenhos, seus rabiscos, suas anotações. Guardou também nele o livro do Peixe Blindado.


Al Duarte, do livro inacabado Um Peixe Blindado

quinta-feira, 14 de julho de 2011

O CAVALO

ACRÍLICO S/PAPEL
Alex Rocha


Quando falamos sobre o processo de dominação da natureza, muitos livros se limitam a explorar eventos pontuais tais como o uso do fogo, a descoberta da agricultura ou a invenção da roda. Em todos esses casos, observamos que o homem é colocado como um autor individual que, por meio do uso de suas faculdades mentais, estabeleceu mais uma conquista na luta pela sobrevivência. Contudo, ninguém costuma falar sobre os ganhos que as comunidades humanas ganharam, assim que fizeram uso dos cavalos.
Na Grécia Antiga, temos o aparecimento do antigo mito do centauro, uma fantástica criatura, meio homem e meio cavalo. Sob o ponto de vista filosófico, essa alegoria atestava a junção da inteligência que o homem possuiu ao vigor físico que os equinos dominam tão bem. De acordo com alguns estudiosos, esse personagem da mitologia grega teria origem nas antigas tribos nômades da Ásia, que organizavam seus ataques com o uso destes animais.
Prosseguindo pela Idade Média, vemos que os europeus incorporaram o animal ao seu mundo e chegaram ao ponto de inventarem academias responsáveis pelo adestramento dos animais e o ensinamento da montaria. E não pensem que foram apenas os cavalos que se subordinaram aos seus donos. As calças, tão comuns no vestuário da moda contemporânea, foram inicialmente inventadas para dar mais conforto na hora da montaria.
E assim, alguns milhares de anos, homem e cavalo se encontraram para a realização de várias tarefas que envolvem a agricultura, o transporte, a guerra e o esporte.