quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

O HOMEM- DE- LATA








O HOMEM-DE-LATA
Óleo S/Tela
Alex Rocha
60 X 80
2011









                    Socorro alguém me dê um coração! Por favor, uma emoção pequena, qualquer coisa!
                  Coração, um amigo, um bandido talvez! Mas como viver sem Ele? Como viver sem sentir? O Homem-de-lata vivia assim, vazio. Do seu interior apenas um eco tristonho e frio. Homem-de-lata, apenas uma armadura de aparência forte, mas frágil como bem sabe a ferrugem. Com medo similar ao do leão, apenas um espantalho que vagava sobre tijolos amarelos em busca do seu coração nesse mundo de Oz.


             Verdade é que o leão procurava corragem, o espantalho, cérebro e Dorohty voltar para casa. Mas o homem de lata também procurava sua casa quando procurava seu coração, um lugar, alguém como coração e eu, bem, eu achei...

Alex Rocha

sábado, 3 de dezembro de 2011

O PALHAÇO COM VIOLÃO


 

O PALHAÇO COM VIOLÃO
ÓLEO S/TELA
ALEX ROCHA
2011

Vai, vai, vai começar a brincadeira
Tem charanga tocando a noite inteira
Vem, vem, vem ver o circo de verdade
Tem, tem, tem picadeiro de qualidade

Corre, corre, minha gente que é preciso ser esperto
Quem quiser que vá na frente, vê melhor quem vê de perto
Mas no meio da folia, noite alta, céu aberto
Sopra o vento que protesta, cai no teto, rompe a lona
Pra que a lua de carona também possa ver a festa

Bem me lembro o trapezista que mortal era seu salto
Balançando lá no alto parecia de brinquedo
Mas fazia tanto medo que o Zezinho do Trombone
De renome consagrado esquecia o próprio nome
E abraçava o microfone pra tocar o seu dobrado

Faço versos pro palhaço que na vida já foi tudo
Foi soldado, carpinteiro, seresteiro e vagabundo
Sem juízo e sem juízo fez feliz a todo mundo
Mas no fundo não sabia que em seu rosto coloria
Todo encanto do sorriso que seu povo não sorria
De chicote e cara feia domador fica mais forte
Meia volta, volta e meia, meia vida, meia morte
Terminando seu batente de repente a fera some
Domador que era valente noutras feras se consome
Seu amor indiferente, sua vida e sua fome
Fala o fole da sanfona, fala a flauta pequenina
Que o melhor vai vir agora que desponta a bailarina
Que o seu corpo é de senhora, que seu rosto é de menina
Quem chorava já não chora, quem cantava desafina
Porque a dança só termina quando a noite for embora



Vai, vai, vai terminar a brincadeira
Que a charanga tocou a noite inteira
Morre o circo, renasce na lembrança
Foi-se embora e eu ainda era criança






"O Circo"
Nara Leão