sábado, 4 de junho de 2011

O TEMPO


Cromos é o deus do Tempo segundo a mitologia grega. O mesmo devorava os próprios filhos para que nenhum deles pudesse um dia roubar-lhe o trono. Zeus, porém, foi salvo por sua mãe, Réia, vindo posteriormente a destronar o pai e a tornar-se rei dos deuses.
O que chama atenção e o caráter destrutivo do tempo, tão valorizado pelo senso comum. Os objetos queridos, as paixões, as realizações mais grandiosas cedem perante esse “senhor” que parece reger os destinos.


O tempo cronológico, conforme é concebido no cotidiano, escorre na passagem da areia pelo orifício da ampulheta, nas badaladas de um velho relógio no alto de uma igreja, no tique-taque do despertador ou ainda, no silêncio de um moderno cronometro digital. È estranho, porém, em vários momentos temos a sensação de que o tempo vivido e o tempo cronológico não estão juntos, parece por muitas vezes não andar de mãos dadas. As horas e os dias muitas vezes indicam haver descompasso entre o que marcam os relógios e o os nossos sentimentos, o que indica ser o tempo pessoal regido por humores e sensações subjetivas. A alegria e o prazer são exemplos disso, geralmente acompanhados pela sensação de passagem rápida, enquanto a tristeza, o medo, a espera, parecem fazer de cada minuto um século. Esse descompasso, aliado ainda a falta de tempo do homem moderno que tento retratar nesse trabalho.

ÓLEO S/TELA
50 X 70

“Cada coisa tem um instante em que ela é. Quero apossar-me do é da coisa. Esses instantes que decorrem no ar que respiro: em fogos de artifício eles espocam mudos no espaço. Quero possuir os átomos do tempo. E quero capturar o presente...”
Clarice Lispector

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