quarta-feira, 25 de maio de 2011

O GALO

Um galo sozinho não tece uma manhã:
ele precisará sempre de outros galos.
De um que apanhe esse grito que ele
e o lance a outro; de um outro galo
que apanhe o grito de um galo antes
e o lance a outro; e de outros galos
que com muitos outros galos se cruzem
os fios de sol de seus gritos de galo,
para que a manhã, desde uma teia tênue,
se vá tecendo, entre todos os galos.

(Trecho do poema de João Cabral de Melo Neto, Tecendo a Manhã)
Alex Rocha
Acrílico s/tela
50x70cm

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